Descrição
Este livro traz os resultados de uma pesquisa realizada nas organizações responsáveis pela execução da medida de internação em São Paulo: o Fórum Brás e a Fundação CASA. De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, a medida de internação, aplicável exclusivamente aos adolescentes autores de atos infracionais, não possui prazo determinado e pode durar até três anos. Com o objetivo de compreender como a privação de liberdade se sustenta como forma válida de intervenção nas práticas cotidianas dos atores que executam as medidas socioeducativas, a pesquisa buscou investigar o processo de produção da decisão sobre o término da medida de internação. A pesquisa indica que a racionalidade prática da privação de liberdade é sustentada por procedimentos interpretativos que transformam fatores “estruturais”, externos à ação – elaborados nas teorias nativas como causas do ato infracional –, em características individuais transformáveis pela ação institucional e pela vontade do adolescente. As práticas de avaliação do adolescente, objetivadas nos relatórios utilizados para a produção da decisão judicial, permitem, assim, construir os efeitos da medida como um processo.
Bruna Gisi
É Professora Doutora do Departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo; Pesquisadora e membro da coordenação do Núcleo de Estudos da Violência da USP; Doutora e mestre em Sociologia pela USP. Desenvolve pesquisas na área de Sociologia da Punição e da Violência.
Informação Técnica
Introdução
1. Racionalidade prática, trabalho interpretativo e teorias nativas: o enquadramento teórico-metodológico da pesquisa
2. A produção da objetividade da lei: o debate sobre o Direito Penal Juvenil
3. A avaliação da “crítica do adolescente”: a perspectiva do Departamento de Execuções da Infância e Juventude
4. O “relatório” como problema e como solução: efeitos da medida como produto emergente da rotina institucional
Conclusão
Referências