Coordenadores Míriam Ximenes Pinho,
Cibele Barbará e Sheila Skitnevsky Finger


A série se dedica a publicar livros que tratam das dores da existência no contexto dos fenômenos sociais e políticos contemporâneos, tendo como referencial a teoria e a clínica psicanalítica em diálogo com outros discursos. Abordar esses fenômenos não para catalogá-los, mas essencialmente interrogar aquilo que os determina e, principalmente, cingir suas incidências subjetivas e os modos possíveis de respostas em face do Real.

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Vergonha e a política do afeto

Vergonha e a política do afeto

Uma contraexperiência

selo: Blucher | 2025 - 1ª edição

A proposta de Prudente, anunciada já em sua introdução, não é somente uma revisão do afeto da vergonha na perspectiva da psicanálise de Freud e Lacan. Isso bem feito já seria interessante. Mas a ideia é sustentar mesmo uma tese: de que a vergonha é, nas palavras dele, “um afeto eminentemente social”.

Isso já diz o tamanho da empreitada: pensar e estabelecer a noção de vergonha na psicanálise lacaniana e sustentar todas as suas dimensões, a saber, sua operacionalidade clínica, sua vertente teórica – no que diz respeito à vergonha como afeto de constituição e na sua relação com a malha conceitual – e, ainda, como se torna um conceito central do modo de se pensar os fenômenos do laço social da psicanálise. Assim, este livro de Prudente segue da vergonha na clínica para chegarmos ao seu estatuto social.

Ivan Estevão
Psicanalista e Prof. Dr. da USP

R$ 135,00

ou até 2x de R$ 67,50

Correndo o risco da topologia e da poesia

Correndo o risco da topologia e da poesia

Expandir a psicanálise

selo: Blucher | 2025 - 1ª edição

Lacan correu o risco da topologia desde o início. A partir de 1953, basta ver seus Escritos em que ele relaciona a estrutura da fala ao toro. Sem correr esse risco, ele não teria conseguido inventar nem o objeto a nem o real borromeano. Ele também correu o risco da poesia. Desde 1933, ao publicar “Hiatus irrationalis”, soneto diretamente inspirado por sua leitura da tese que Koyré acabara de lhe dedicar, da mística de Jacob Böehme, e na qual flui a torrente do gozo feminino.

Para que serve a topologia borromeana? Serve para cingir o furo, o verdadeiro, seus pontos de entrave e rangidos (portanto, de gozo). Esse verdadeiro furo da estrutura é o que a poesia tenta não voltar a tapar. “A poesia não mais se impõe, ela se expõe”, escreve Paul Celan. A psicanálise também.

Extrair algumas consequências clínicas e estruturais dessa escrita do real borromeano que Lacan inventou é o que tenta fazer este livro, que reúne uma seleção de trabalhos e apresentações do autor nestes últimos dez anos.

 

Michel Bousseyroux

Excerto adaptado do Preâmbulo

***

Prefácios de Albert Nguyên (edição francesa) e Conrado Ramos (edição brasileira)

R$ 165,00

ou até 3x de R$ 55,00

Psicanálise nas margens do Xingu

Psicanálise nas margens do Xingu

Histórias clínicas dos refugiados de Belo Monte

selo: Blucher | 2025 - 1ª edição

Este livro é parte do testemunho e transmissão de uma experiência de intervenção junto à população refugiada pela construção da barragem da hidroelétrica de Belo Monte, nas cercanias da cidade de Altamira, no estado do Pará. Luciana integrou a missão que escutou as famílias, crianças e sujeitos nos baixões, nas ilhas distantes e nos assentamentos urbanos de Altamira. Depois disso trabalhou decisivamente na elaboração do material narrativo que colhemos e que agora o leitor tem em mãos. Em meio às discussões em torno da abertura e democratização da psicanálise, Luciana traz um retrato exemplar de como é possível um trabalho de escuta, integrado à atenção básica, colaborativo e inclusivo com os equipamentos e recursos de saúde locais.

Christian Dunker

R$ 105,00

ou até 2x de R$ 52,50

O presente do presente

O presente do presente

Ensaio psicanalítico sobre o tempo

selo: Blucher | 2024 - 1ª edição

Se você quiser saber o que é o tempo, abra este livro e verá como, segundo Santo Agostinho, proponho uma escrita lógica que une suas três instâncias: o presente do passado, o presente do futuro e o presente do presente. No centro desse nó borromeano, coloco aquele presente do presente que representa, para todos nós, o tempo como um objeto que ordena a palavra, que permite a narrativa, que usamos para enunciar nossas expectativas, mas que permanece verdadeiramente inatingível.

Esse objeto que escapa à teia da palavra pode ser relacionado ao tempo que a física quântica relativiza e ao tempo subjetivo que a filosofia se esforça para definir. Daí a ideia de considerar o tempo como um objeto que caracteriza cada um em sua maneira de ser, em sua maneira de se alienar ou de se separar do tempo do outro, um objeto que o encoraja em sua pressa de agir e ao qual o sujeito se iguala quando está no tempo do seu desejo.

R$ 62,00

Do luto impedido ao luto coletivo

Do luto impedido ao luto coletivo

Um caso clínico-político

selo: Blucher | 2024 - 1ª edição

Nesta obra, a autora detecta de forma inédita o modo de operação dos processos autoritários sobre o sujeito em situações de violência e subalternização – o impedimento do luto aí comparece como estratégia política de silenciamento. Avança também na direção do tratamento dessas questões, fundamentando a prática psicanalítica clínico-política realizada no território onde os sujeitos tecem seus cotidianos, moram, trabalham, nascem e morrem.

Este trabalho foi um dos que fundamentou e alicerçou o lugar da política na clínica psicanalítica quando a maioria dos psicanalistas julgava ser a política um campo exterior ao campo psicanalítico, ou que a psicanálise poderia contribuir para a análise filosófica e/ou para a crítica social das violências, sem desdobramentos para a prática clínica, sem a escuta dos sujeitos enredados nessas tramas de poder.

Miriam Debieux Rosa

R$ 100,00

ou até 2x de R$ 50,00

Ensaios apócrifos

Ensaios apócrifos

A-bordagens psicanalíticas

selo: Blucher | 2023 - 1ª edição

Os escritos chamados apócrifos foram aqueles destituídos de autoridade canônica. Aqueles que ficaram de fora, à margem do discurso oficial, religioso.

Em Ensaios apócrifos Ana Gianesi e Conrado Ramos apresentam reflexões a partir do diálogo livre com textos de autorxs de diferentes tradições e militâncias, quais sejam: feminismos, antirracismo, estudos queer, teoria crítica, povos originários e estudos descoloniais.

O caminho é fragmentário e constelar porque corresponde ao percurso aberto de aprendizagem dos autores que, como psicanalistas lacanianos, perceberam a necessidade de frequentar territórios muitas vezes considerados avessos nos corredores institucionais. De maneira pouco habitual eles tentam olhar para a psicanálise com as ferramentas que encontram em seus novos atravessamentos teóricos ao invés de olhar para as teorias em questão com as ferramentas da psicanálise. Resulta disso a crítica à psicanálise e ao mesmo tempo a construção de novas possibilidades clínicas que, defendem os autores, seguem sendo psicanalíticas, porém, sem os ranços conservadores com os quais a vestem os ainda salvacionistas do pai.

R$ 105,00

ou até 2x de R$ 52,50

Os contrabandistas da memória

Os contrabandistas da memória

selo: Blucher | 2023 - 1ª edição

“As línguas de contrabando são um pouco de tudo isso: elas são queridas, adoradas, são propriedade daqueles que se creem seus depositários. Elas são uma música, uma melodia, um embalar; são invocadas ou convocadas para consolar ou para sustentar grandes indignações, sagradas e ridículas indignações.

Escondidas do olhar alheio, parecem ter mais relação com o olho que vê do que com o ouvido que escuta.

Mas o contrabandista é raramente consciente daquilo que porta. Ele é como um fraudador que, quando chega na alfândega, se dá conta com horror de que carregava, com toda boa intenção, mercadorias que de pronto, sob o olhar indignado ou inquisidor do outro, se revelam proibidas.

Contrabandista sem o saber, esse homem não usa jargões, mas em sua escritura aparecem, como com Albert Cohen, que escrevia em francês – e com que elegância –, elementos de uma língua que há muito não se usa mais. Assim, como filigranas, o natural de Corfu ou o crioulo, o parisiense de Belleville ou o italiano, o alsaciano, o espanhol ou o árabe, vêm marcar com seu selo um estilo, dotando-o de um perfume incomparável.

Desse modo, tal literatura, ou deveríamos dizer toda a literatura, irá carregar nas páginas mais sublimes ou nas mais banais, nas mais preciosas ou nas mais clássicas, paisagens e perfumes, barbarismos e os termos em desuso que testemunham e palpitam com vivacidade esta coisa atapetada no mais profundo da nossa subjetividade: a língua de contrabando.”

Jaques Hassoun

R$ 60,00

A sobrevivência do desejo nos sonhos de Auschwitz

A sobrevivência do desejo nos sonhos de Auschwitz

selo: Blucher | 2022 - 1ª edição

Samantha sabe que tomar o indizível, o invivível, o inimaginável, como tema de pesquisa é caminhar nos limites da interpretabilidade – Die Grenzen der Deutbarkeit – e é justamente dessa posição assumida ao longo do livro que resulta uma costura delicada na qual os sonhos, esse tema central da obra freudiana, são o inusitado e intrigante ponto de articulação entre a vivência nos campos e a psicanálise.

A autora traz relatos de sonhos que foram narrados em livros, escritos em papéis, escondidos sob as roupas, enterrados para serem encontrados. Eles são cuidadosamente ordenados por temas – sonhos de pão, de amor, de narração, de ruptura de fé, oraculares, sonhos fora do tempo.

No limite da mais desumana condição de angústia e desamparo, sonha-se. Teriam os sonhos nos campos contribuído para a sobrevivência daqueles que puderam contá-los depois? – pergunta-se Samantha. Mesmo nessa condição em que aparentemente já não resta mais traço de humanidade, o psiquismo trabalha a serviço da vida e o sonho revela sua mais básica função psíquica, a de fazer dormir.

Michele Roman Faria

R$ 107,00

ou até 2x de R$ 53,50

Luto à flor da pele

Luto à flor da pele

As tatuagens in memoriam em leitura psicanalítica

selo: Blucher | 2022 - 1ª edição

Enquanto signo não standard de luto, as tatuagens surpreendem pela rápida e ampla absorção não só entre jovens. Quando iniciamos nosso estudo, nos perguntávamos sobre o estatuto desse signo e sua função no luto, intrigados como estávamos se esse tributo não seria apenas mais uma “nova onda ornamental” no contexto da banalização da morte e do luto ou até mesmo uma forma de negação. Mas quem realmente teria a palavra para dizer o que se passa senão os sujeitos tatuados por ocasião de luto?

Se atualmente o luto é vivido solitariamente, sem contar tanto quanto no passado com o suporte dos ritos e do público que o acompanhava, sobra cada vez mais para o sujeito a tarefa de encontrar ou inventar um modo particular de ritualizar o pesar fazendo valer o direito à memória e à rememoração (logo, comemoração) dos mortos.

Nesse contexto, as novas expressões de luto parecem responder à persistente necessidade humana de fabricar signos para se lembrar dos mortos conferindo-lhes alguma duração. Mas não só. No luto que abre um “furo no real”, convoca-se nada menos que todos os recursos simbólicos e imaginários para forçar, no furo, uma escrita possível da perda. Se “a pele é o que há de mais profundo no homem”, como escreveu o poeta, a tatuagem in memoriam transita entre dois registros, o do visível e o do invisível. Sua presença é uma sombra, a marca de uma ausência irremediável.

R$ 181,00

ou até 3x de R$ 60,33

De um trauma ao outro

De um trauma ao outro

selo: Blucher | 2021 - 1ª edição

Com relação à psicanálise, a inversão é completa. O discurso dominante se ocupa de traumatismos que não são sexuais, nem originários ou genéricos, que não têm nada de constitutivo, que são acidentes da história, ao mesmo tempo coletiva e individual. A esses traumatismos, que é preciso chamar de contingentes, ele acrescenta uma suposta vítima inocente, que cai sob o julgo do autómaton, com efeitos pós-traumáticos que o liberam de toda implicação subjetiva, e à qual somente devem ser dispensados cuidados e reparação.

Evidentemente, há aí algo a se julgar, e inclusive resolver quando o problema do tratamento se apresenta.

Vale ressaltar que a psicanálise, tal como entendo a psicanálise lacaniana, está ali lutando, luta ética contra toda concepção psi que, em sua condescendência bem-intencionada, faz do sujeito uma marionete da sorte. Trata-se de saber, especialmente para os psicanalistas, se o trauma que está no cerne do inconsciente, como segredo dos sintomas, é da mesma classe que os traumatismos que o discurso contemporâneo produz. Qual é a sua incidência nesses novos traumas?

A historicidade do tema do traumatismo, bem como a da angústia, indica por si só em que medida ele se relaciona com a ordem do discurso que regula os laços sociais, como também a subjetividade.

R$ 41,00