Eu e você : um olhar psicanalítico contemporâneo
Uma pesquisa sobre o sujeito estrangeiro, motivada por uma década vivendo no exterior, marcou, há dez anos, a estreia de Cláudia como autora na psicanálise. Nesse campo, o estrangeiro é um conceito crucial: de um lado, representa a sedução infindável do inconsciente, do sexual, que nos constitui e se projeta em objetos e ambientes; de outro, ameaça nossa aconchegada familiaridade, evocando o terror da perda de limites de si e provocando expulsão, rechaço e abjeção. Assim, surgem os “refugiados” e “emigrantes” de nossas almas, cujas manifestações encontram eco no social e político. Como ilustração, nessa década, entre a primeira e a segunda edições deste livro, a Europa ficou ameaçada pelos refugiados sírios e, recentemente, os incentivou a retornarem ao país de origem, agora livre de seu ditador criminoso. Neste livro, a escuta de migrantes ou exilados, fora de processos psicanalíticos, revela tramas transgeracionais que iluminam os encontros entre o inconsciente do sujeito, suas buscas migratórias e as reações que enfrentam.
- Daniel Delouya
É psicanalista pela International Psychoanalytical Association (IPA), membro da Sociedade Brasileira de Psicanálise de Campinas (SBPcamp), mestre em Psicologia Clínica (PUC-SP) e doutora em Clínica Médica (Unicamp). É membro do Comitê de Cultura da IPA e autora do livro O estrangeiro – eu e você. Um olhar psicanalítico contemporâneo (NEA, 2015). Cláudia também é enófila e integra uma confraria de vinhos; costuma levantar-se com o sol para sua prática de yoga e gosta de exercitar a arte da caligrafia chinesa.
Professor aposentado do IPUSP, professor da Programa de Pós-Graduação em Psicologia da PUC-SP e membro do Círculo Psicanalítico do Rio de Janeiro. Autor de diversos livros, sendo o mais recente “A mente do analista” (Escuta, 2021).
Saiba mais
Prefácio à 2ª edição
Prefácio à 1ª edição
Cláudia Antonelli
I. Introdução
I.1 A globalização e o homem em movimento
I.2 A globalização psíquica?
II. O Estrangeiro
II.1 Colóquio “O Estrangeiro” (São Paulo, 1994): uma breve revisita
II.2 O estrangeiro, um conceito-limite?
II.3 O lugar do estranho/estrangeiro na Psicanálise
II.4 Heimlich-unheimlich
II.5 Outras acepções de unheimlich
III. Os exílios: o exílio na origem da Psicanálise
III.1 Exilar-se
III.2 O exílio dito patológico
III.3 As Clínicas do Exílio
III.3.1 A Etnopsiquiatria, a Etnopsicologia e a Etnopsicanálise
III.3.2 A Psicanálise intercultural
III.3.3 A Psicopatologia transcultural
III.4 A clínica em língua estrangeira
III.5 Os exilados
IV. O método
IV.1 O desafio do método
IV.2 Ainda: a pesquisa em Psicanálise e nos bastidores desta pesquisa
V. Por fim, os estrangeiros deste livro – Recortes das várias horas de diálogo
VI. Síntese: fronteiras externas, fronteiras internas – Ou: o lugar de cada um
VII. Um lugar de destinos cruzados
VIII. Considerações finais – temporárias
IX. Pertencimento e estrangereidade – Três notas de viagem sobre a xenofobia (e mais uma)
Luís Claudio Figueiredo
Referências bibliográficas
Posfácio
Rui Aragão Oliveira
Epílogo